terça-feira, 25 de novembro de 2014

A Festa da Babette(1987) de Gabriel Axel

http://www.saudadeeadeus.com.br/images/festa_babette.jpg 

Na desolada costa da Dinamarca viviam Martina e Philippa, as belas filhas de um pastor protestante rigoroso que pregava a salvação através da renúncia.
O pastor não permitia namoros com as filhas que eram tão belas e nem iam às festas nem aos bailes. Quando os admiradores delas iam à casa do pastor para pedir a mão das filhas ele recusava como sempre, dizendo que as suas filhas eram as suas duas mãos, direita e esquerda, que não podiam ser tiradas e aquelas duas belezas partiam os corações. 
As irmãs sacrificaram as suas paixões da juventude, em nome da fé e das obrigações. 

O soldado Lorenz Lowenhielm foi visitar a sua tia que vivia perto das irmãs, durante 3 meses ou seja o verão todo, em Novosborg. Quando ele chegou, apaixonou-se logo à primeira vista pela irmã Martina e sentiu que teve uma maravilhosa visão, a mais pura com um doce anjo a seu lado. Graças à sua tia, ela já conhecia o pastor, pai das filhas e um dia foram almoçar à casa do pastor onde estava a Martina. 
                                                            

Então o soldado Lorenz e a irmã Martina olharam um ao outro com amor e apaixonaram-se mas não aconteceu nada e ele acabou por regressar ao seu posto e aprenderam que a vida não tem piedade. Depois de ele voltar, ele nunca contou a ninguém do seu amor e guardou sempre em segredo.
 Reparei que, no filme, há muita música sacra, da missa sobre Deus e ópera também, que é relaxante e solene.

 O cavalheiro de Paris, Senhor Papin sugeriu dar as aulas do canto à Philippa que tem uma voz linda. Mas ela sentiu-se insegura e desconfortável então decidiu não continuar as aulas de canto. E o Pastor acabou por dispensar o cavalheiro.


Muitos anos depois da morte do pai, as duas irmãs já envelhecidas mas que mantêm vivos seus ensinamentos entre os habitantes da cidade. Estavam em casa sossegadas com um temporal forte lá fora e chegou a Babette, uma misteriosa refugiada da guerra civil na França, a vida para as irmãs e seu pequeno povoado começou a mudar. A Babette foi à porta da casa a pedir-lhes ajuda e elas acolheram-na, depois a Babette deu-lhes a carta escrita pelo Senhor Papin.




As irmãs leram a carta do francês Senhor Papin que lhes pediu para salvarem uma francesa, Babette Hersant que teve de fugir de Paris por causa da guerra civil que se sentia nas ruas, onde o marido e o filho da Babette foram assassinados e ela conseguiu escapar do general Galhiefet e a Babette perdeu tudo o que tinha.
 




A carta referia que a Babette sabia cozinhar maravilhosamente e o velho amigo Achile Papin disse também para aproveitarem esse dom da Babette. As irmãs disseram que não tinham dinheiro suficiente para dar emprego à criada Babette, mas ela disse que trabalhava de graça e só queria trabalhar para as amigas do senhor Papin.




Então as irmãs aceitaram e ensinaram à Babette como funcionava a cozinha e todo o resto e ela acabou por aprender a língua delas e habituar-se, inclusive ia às compras.



Desde que a Babette veio, as irmãs começaram a ter mais dinheiro e a viver mais alegres e passaram-se assim 14 anos desde a chegada da Babette.




O comerciante perguntou à Babette se tinha saudades da França e ela disse que sim e só podia ir lá se lhe saísse a lotaria. Mais tarde o comerciante recebeu a carta de França e entregou à Babette e esta carta dizia que a Babette tinha ganho 10 mil francos que era da lotaria e ela agradeceu tudo pelas irmãs e pediu para ela ir de férias à França.






Mas antes disto, ela pediu para fazer um autêntico jantar francês para o aniversário dum padre com o dinheiro dela.
As irmãs aceitaram com emoção então a Babette viajou à França, onde encomendou os ingredientes para o jantar.


As irmãs ficaram assustadas e a ideia do banquete francês tem apavorado os moradores desta cidade com a perspetiva deles perderem suas alas por deleitarem-se com prazeres terrenos.
 

A irmã Martina teve pesadelos sobre o jantar que seria veneno mortal e traria as forças do mal, então ela convocou uma reunião secreta para revelar as suas preocupações e os moradores aceitaram.




O general Lorenz Lowenhielm e a sua tia, que era soldado quando conheceu a Martina, foram convidados para o tal jantar e ele já tinha ido para Paris.
 

No jantar, o general elogiou bastante e revelou os seus conhecimentos da comida francesa com as suas experiências passadas em Paris e acalmou os moradores. O general saboreou as bebidas assombrosas que eram vinhos franceses e a sopa da tartaruga e comentou que já tinha tido o jantar semelhante num restaurante muito caro, este jantar foi em homenagem dele e ele referiu que a chefe da cozinha era uma mulher que tinha criado os próprios pratos.

O general também disse que soube que esta mulher, para fazer um jantar especial seria num espécie de caso de amor, numa relação de amor onde era impossível diferenciar o apetite físico do espiritual.



Por fim eles acabaram por adorar o jantar apetitoso e todos acabaram satisfeitos e bem felizes, as irmãs agradeceram à Babette com gratidão e souberam que ela tinha gasto 100 mil francos para o jantar, investiu tudo nele.
Babette revelou que já fora uma chefe da cozinha, aquela que o general tinha referido, o que foi um choque para as irmãs.






No final, a Babette já não tinha nada para voltar à França e decidiu ficar com as velhas irmãs.


A meu ver, este filme é uma obra-prima e tem nele dois momentos que me chamam muita atenção que é a Babette ajudar tanto a comunidade que a julga de forma preconceituosa, e ela oferece o melhor jantar a eles sem querer nada em troca.


Por vezes, julgamos as pessoas pela região o que é inaceitável e esquecemos a essência delas.
A verdadeira religião é o Amor e vê-se o amor vivido no dia a dia da Babette e o filme é uma demonstração de que o desprendimento e a solidariedade podem transformar uma comunidade.





É também, para mim um filme sobre arte gastronómica, para todos os apetites para saborearmos os alimentos. 





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