domingo, 30 de novembro de 2014

As Laranjeiras de Lisboa


O metro faz parte da minha rotina diária desde 9ºano, vivo na Linha Azul e quando vou para a escola ou outro sítio, estou sempre atravessar metade da linha e sempre passei na estação das Laranjeiras. 






A primeira vez que aprendi a andar de metro foi quando andava na primária e o meu irmão mais velho vinha me buscar no metro das Laranjeiras, pois é onde ficava a minha escola que se chama escola básica das Laranjeiras.

É engraçado porque agora estou crescida e estou na faculdade no curso de Design de Comunicação e a tema é sobre tudo que tenha a ver com Laranja e eu andei na primária das Laranjeiras que faz parte do tema, é mesmo engraçado.



E foi a partir daí que pus os pés, no metro pela primeira vez foi na estação das Laranjeiras. Ia sempre com meu irmão e ficava sempre a observar os azulejos que continham as fotografias da Laranja e davam me sempre muita sede. 
Pois, visto que a cor é absorvida pelo ser humano através do sentido da visão. 
A visão faz parte dos 5 sentidos, o que mais rapidamente conduz a informação até ao cérebro logo desta forma, os olhos são os sensores e o cérebro é o processador.
 


Por isso a cor da Laranja estimula o apetite, influencia nos na parte do cérebro criando um sistema de recompensa, quer responder pelo prazer e necessidade de repetição quer da experiência prazerosa.


Quando chegava a casa, comia sempre as laranjas pequenas com cascas secas, que são fáceis de tirar e eram sempre muito doces e trazem-me uma boa recordação.


Um dia destes, ao regressar de faculdade, sentada no metro pensativa, a pensar sobre a Laranja e, de repente ouvi uma voz a informar que estávamos a chegar à estação das Laranjeiras e fez-se luz na minha cabeça, fiquei ansiosa de escrever sobre esta estação então saí e fui tirar fotografias.
 



   
















Depois fui investigar a história da estação referida. 
A estação de metro das Laranjeiras, (Linha Azul) situa se na Estrada da Luz na Rua Xavier de Araújo de Lisboa, com freguesia São Domingos de Benfica e fica entre as estações Alto dos Moinhos e Jardim Zoológico da linha azul.

Foi aberta ao público a 14 de Outubro de 1988 depois de ser construída na zona de Benfica.




Neste mesmo dia, teve lugar a inauguração do prolongamento que fez ligação com Sete Rios e Colégio Militar/Luz com três novas estações, as Laranjeiras, Alto dos moinhos, assinada por Júlio Pomar, e Colégio Militar/Luz na qual interveio Manuel Cargaleiro. Também abriu ao público a estação da Cidade Universitária, com intervenções artísticas da autoria de Vieira da Silva, e inserida no prolongamento que ligou Entre Campos ao Campo Grande.

"As linhas de metro são como as linhas da mão, cruzam-se sem cruzar, mas unem de uma vez por todas um ponto com outro. Os percursos do metro remetem-nos a momentos da vida, como se quem consulta um plano de metro redescobrisse de súbito as vicissitudes da vida e da profissão, as penas do coração e a conjuntura politica”
                                AUGE, Marc (2002)
Estas novas 4 estações foram as primeiras a ser construídas de raíz com um cais, com 105 metros de extensão e obedeciam também a uma filosofia que levava as intervenções plásticas até ao seu cais. A rede aumentou assim 3,8 quilómetros.

                           

Por curiosidade, a ideia do metro surgiu desde 1888 como um sistema de caminhos-de-ferro subterrâneo, na cidade de Lisboa, à semelhança das que já existiam em Londres e Paris e essa ideia foi do engenheiro militar Henrique de Lima e Cunha, que criou o projeto de uma rede com várias linhas que poderia servir a capital portuguesa e que publicou na Revista Obras Públicas e Minas.


Mais tarde, no século 20, Lanoel d´Aussenac e Abel Coelho em 1923 e José Manteca Roger e Juan Luque Argenti em 1924 apresentaram projetos para um sistema metropolitano em Lisboa, mas foram rejeitados.


Depois da Segunda Guerra Mundial, com a retoma da economia nacional e a ajuda financeira do Plano Marshall, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa, contribuíram fortemente o início da construção do metro e fundou-se uma sociedade em 1948 tendo como objetivo o estudo da viabilidade técnica e económica de um sistema de transporte público subterrâneo na capital.  
     
                 


Os trabalhos de construção iniciaram-se em 7 de agosto de 1955 e, 4 anos depois, em 29 de Dezembro de 1959, o novo sistema de transporte foi inaugurado.

Retomando da estação Laranjeiras, o seu projeto arquitetónico foi da autoria do arquiteto António J. Mendes com intervenções plásticas do pintor Rolando Sá Nogueira, no que diz respeito ao revestimento azulejar, com a colaboração do escultor Fernando Conduto.




O tratamento plástico desta estação integra se na trajetória criadora em que passou a determinada altura a recorrer à fotografia, enquanto método possível de obter uma representação hiper-realista.
  
Na arte dos espaços públicos é costume os artistas atenderem às especificidades dos locais para daí extraírem os temas para elaborarem os seus trabalhos. Neste caso, houve uma interpretação literal do nome da estação, ou seja, o artista prestou atenção às especificidades das Laranjeiras, que é o nome que a toponímia conservou a herança do local, onde continha a estação que era a área de quintas de recreio, com jardins, árvores de fruto e pomares.


Para elaborar a temática decorativa, interpretou literalmente o nome da estação, na medida em que surgem composições de laranjas e folhas de laranjeiras reproduzidas nos azulejos de revestimento portanto o Sá Nogueira realizou este trabalho na Fábrica de Cerâmica Rugo, onde recorreu ao processo serigráfico para conseguir a transcrição de fotografia que é a técnica habitualmente utilizada na produção industrial.





Em geral, Laranjeiras é um bairro de Lisboa que pertence à freguesia de São Domingos de Benfica e sobre a origem desta freguesia, ninguém tem certeza, porque se atribuem várias teorias, pois a história da formação desta freguesia é mais antiga, mas dizem que já existia no século XIII e consideram que já fora uma freguesia rural, embora com poucas pessoas, que ali viviam e que era de secundária importância económico-social para Lisboa. São Domingos de Benfica tem as suas origens ligadas a uma lenda.



O rei D. João I doou à ordem religiosa dos dominicanos, a pedido do doutor João das Regras, os terrenos onde em tempos se erguera um palácio conhecido por Paço de Benfica, morada de Verão de todos os soberanos, desde D.Dinis,
Segundo a lenda, o rei ao visitar o local, destacou e elogiou a sua beleza natural afirmando: “ Aqui bem-fica o convento”.
 


A antiga povoação de Benfica era um dos locais mais bonitos merecendo assim esta denominação não só pela sua privilegiada situação como pela abundância de água e arvoredo que a tornavam num dos mais deliciosos e poéticos lugares do Termo de Lisboa.



 
 



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