quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

The Belly of an Architect

“As Cólicas de um Arquiteto”, de Peter Greenaway


A história deste filme centra-se na vida de Stourley Kracklite, um arquiteto americano que viaja com a mulher que é mais nova do que ele para Roma, onde acontece a ação toda, a fim de organizar uma exposição ao seu arquiteto influente e favorito, aquele que tinha admirado apaixonadamente desde pequeno, Etienne-Louis Boulté, um arquiteto francês e visionário do século XVIII.

A história decorre numa cidade onde com milhares de anos de história onde se encontram diversos vestígios artísticos de interesse para o arquiteto americano.
A sua conceção artística é influenciada pelo físico Newton devido à descoberta da lei da gravidade que causou um grande impacto positivo no mundo.

O filme começa com um jantar muito chique junto ao panteão de Roma e os colaboradores agradecem ao Stourley Kracklite por ter vindo a Roma e por organizar a exposição que, por fim, acabam por festejar. Em todas refeições, o Stourley sempre fala sobre a arquitetura e o que o inspirou para criar a sua exposição.


Depois disto, todos olharam a magnífica obra de arte de Boulté, o Panteão e disseram que “A Bela Arquitetura deve ser aplaudida” tendo todos começado a bater as palmas, agradecendo por haver uma obra “tão bela quanto sólida, tão romântica quanto magnífico”.
Este momento de grandiosidade comoveu me porque me fez ver que há artistas que têm enorme talento, mas que enfrentam muitos obstáculos, e mesmo assim seguem em frente e conquistam e merecem ser aplaudidos pelo seu esforço, desempenho e por criar algo belo que pertence à História para sempre.
Ao longo do filme, somos transportados para uma viagem em que vemos e sentimos as angústias do arquiteto, que começou a ter cólicas cada vez mais permanentes e graves, tendo uma barriga grande, devido ao excesso do peso e para diminuir as cólicas e dores, começou só comer frutas, pois quando ele come, vomita supostamente.


Destaco que, nesta dieta de frutas, houve a cena que me surpreendeu que é aquela que o arquiteto come a laranja e comenta que as laranjas têm a vitamina C que faz muito bem. Gostei bastante de ver esta parte embora pequena.
A mulher dele que está gravida, começa a ser infiel e apaixona-se por outro que faz parte da organização da exposição e depois deixa o arquiteto em má altura.

O arquiteto sofre muito e como não houvesse nada de pior, as cólicas pioraram e foi despedido por estar doente por o Banco já não ter confiança nele. Todas as coisas más aconteceram ao mesmo tempo e passar por isto deve ser mesmo difícil, tenho a certeza que nos põe em baixo. Foi mau ter sido despedido, porque passou dez anos a organizar a exposição e acaba por ser em vão.

No final do filme, inaugura-se a exposição e convidaram o Stourley para o discurso de inauguração para ser felicitado, mas ele não quis.
Pensou-se que ele não iria aparecer, mas apareceu discretamente e ninguém se apercebeu a sua presença, mas ele viu a sua ex mulher, que assiste já com barriga grande a divagar no seu discurso em nome dele, cortando a fita, mas acabando por se sentir mal e desmaiou. Ao mesmo tempo, o arquiteto americano pôs as suas coisas calmamente e devolveu a aliança como sentindo que nada o prende ali, pois perdeu a mulher, a oportunidade de organizar a exposição e só lhe sobram angústias e cólicas. “ A morte põe o fim do sofrimento”.

Suicidou-se, saltando na janela e ironicamente caiu em cima do carro do namorado da sua ex mulher e a mão dele agarrava um papel com rosto de Newton. Penso que era uma mensagem a dizer que a gravidade cumpriu o seu desejo.
Ao descrever o filme, consegue-se aliar o tema do “ato de criar” com a tema da “inevitabilidade da morte” e especificamente, a arquitetura mostra se como uma arte maior resistente à erosão do tempo e corresponde à vitória da Arte sobre a morte.
Julgo que tenha sido um dos melhores filmes sobre arquitetura alguma vez já feito, porque o filme tem a sua particularidade, um  tema original, uma história criativa cheia de sensibilidade e mostra e integra manifestações de luz natural, naturezas mortas,e cores carregadas.


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