terça-feira, 19 de maio de 2015

CRIANÇAS_ BAIRRO DE SÃO BENTO

CRIANÇAS_ BAIRRO DE SÃO BENTO




As crianças fazem parte da alma do bairro e essa parte é a pura inocência e a mais divertida, porque têm o poder de olhar e captar a essência do Bairro.
As crianças são inocentes porque são verdadeiras, ou seja, dizem sempre a verdade seja em que circunstância for e sem receios.


São expressivas e são o espelho da alma do bairro pela razão já referida anteriormente.
Segundo as entrevistas feitas, as crianças consideram o bairro como um lugar lindo para brincar como a Praça das Flores e a Junta de Freguesia das Mercês, que é um espaço que organiza as atividades lúdicas, educativas e interessantes para as crianças, tais como: expressão plástica, atividades desportivas e apoio escolar ao estudo.


Estas crianças e jovens pensam que o bairro foi criado para eles próprios, porque ali nasceram e querem brincar na praça, comer gelado, procurar os peixes, interagir com outras crianças, e jogar vários jogos, entre outros.

“Somos o que somos e somos como somos, porque nascemos aqui” e o local onde nascemos diz muito de nós, faz parte da identidade própria. Porque o local onde nascemos, é o nosso lar e é o refúgio das nossas vivências e das nossas memórias.

Pois cada um de nós constrói a sua identidade a partir do seu ambiente e é isso que nos torna seres vivos inseridos num ambiente cultural, aquele em que nascemos e evoluirmos ou nos desenvolvemos.
De forma consciente, interrogamo-nos sobre a nossa identidade pessoal ou seja, responder à pergunta “Quem sou eu?” e percebemos que são os valores e os comportamentos das pessoas que nos rodeiam e que conhecemos de perto que influenciam as nossas ações e ideias.

“A criança portuguesa é excessivamente viva, inteligente e imaginativa. Em geral, nós outros, os Portugueses, só começamos a ser idiotas - quando chegamos à idade da razão. Em pequenos temos todos uma pontinha de génio. “-Cartas de Inglaterra, Eça de Queirós

“As crianças não têm passado, nem futuro, e coisa que nunca nos acontece, gozam o presente.”     
- Jean de La Bruyére

As crianças veem muita coisa do Bairro que nós não vemos e julgo que as crianças não nos revelam muito o que veem porque nós adultos temos a idade de pensar mais através da razão e, não tanto com o coração. Elas consideram que a identidade do bairro faz parte da sua infância.



A pergunta que lhes foi colocada, em primeiro lugar foi: “ Qual é a coisa mais importante para vocês do Bairro?” e todos responderam “Nós”.

Sessão com as crianças- 15 de MAIO

JUNTA DE FREGUESIA DE MERCÊS



Esta Junta de Freguesia situa-se numa área central e abrangente da cidade de Lisboa onde não só coexistem vários bairros históricos, mas detém também um enorme potencial cultural, como o Projeto Intervir que tem como objetivo dar uma resposta às necessidades da comunidade e das famílias ao nível da promoção e adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis. O principal objetivo deste programa é contribuir para o desenvolvimento harmonioso das crianças e jovens desta freguesia, oferecendo uma vasta gama de atividades lúdicas e pedagógicas diárias de apoio ao estudo, atividades desportivas, expressões plásticas, entre outros.


Foi a uma destas atividades que tive o prazer de assistir ao me deslocar a este espaço para interagir com estas crianças.

Curiosamente, quando perguntei o que era mais importante para eles neste bairro, as crianças responderam “Nós!”.










quarta-feira, 13 de maio de 2015

"Peixe só vos faz bem"- Uma loucura cometida

 D. Gini vai à Peixaria



Precisávamos de inspiração para cometer uma loucura no filme do bairro. Descobrimos uma história peculiar neste bairro dito “pacato”, e não queríamos torná-la aborrecida.
Já tínhamos tomado conhecimento da existência da peixaria mas nunca tínhamos lá entrado. Os moradores vão lá para comprar o seu peixe, mas a D. Gini vai lá apenas para se sentir bem. Mortos, gelados e amontados em cima de uma bancada. Cabeças enormes separadas do resto do corpo, de boca aberta e olhos bem abertos. A senhora observa com atenção as suas entranhas e as caras inexpressivas. Digamos que até lhe dá um certo prazer, ver os pobrezinhos mortos e esquartejados, imaginando os da fonte a ter o mesmo fim… Mais à frente, vai observar a peixeira a amanhar o peixe, bem como a panóplia de facas que ela tem penduradas na parede.
Faz esta visita várias vezes durante semana, mas nunca compra nada. Vai só contemplar. No final, acaba sempre por ir para a Praça descarregar a sua raiva nos pequeninos peixes.






As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino

Para além de textos descritivos da nossa autoria, o livro do bairro apresentará excertos da obra “As Cidades Invisíveis” de Italo Calvino, que se referem aos aspetos discretos que marcam a identidade de um local. Apesar de serem cidades imaginárias e de terem uma atividade mais intensa que o Bairro de São Bento, são descritas como detentoras de fatores singulares que constroem situações importantes para a definição da sua identidade e que muitas vezes passam despercebidas, como conversas, pensamentos, cruzamentos de olhares, modos de vestir, comportamentos e atitudes, locais, etc. Há inclusivamente a descrição de uma Praça, que se adequa perfeitamente à Praça das Flores pelas histórias que encerra em si mesma, que não mudam mesmo que as personagens não sejam as mesmas ao longo dos tempos.



“O homem que cavalga longamente por terrenos bravios sente o desejo de uma cidade. Finalmente chega a Isidora, cidade onde os prédios têm escadas de caracol incrustadas de búzios marinhos, onde se fabricam artísticos óculos e violinos, onde quando o forasteiro está indeciso entre duas mulheres encontra sempre uma terceira, onde as lutas de galos degeneram em brigas sangrentas entre os apostantes. Era em todas estas coisas que ele pensava quando desejava uma cidade. Assim Isidora é a cidade dos seus sonhos: com uma diferença. A vida sonhada continha-o jovem; a Isidora chega em idade tardia. Na praça há o paredão dos velhos que vêem passar a juventude; ele está sentado em fila com eles. Os desejos são já recordações.

“Da cidade de Doroteia pode-se falar de duas maneiras: dizer que se elevam das suas muralhas quatro torres de alumínio ladeando sete portas de ponte levadiça sobre o fosso cuja água alimenta quatro verdes canais que atravessam a cidade e a dividem em nove bairros, cada um deles com trezentas casas e setecentas chaminés; e tendo em conta que as raparigas solteiras de cada bairro se casam com jovens de outros bairros e que as suas famílias trocam os bens que cada uma tem: bergamotas, ovos de estrujão, astrolábios e ametistas, fazer cálculos com base nestes dados até saber tudo o que se deseja na cidade no passado e no presente e no futuro; ou dizer como o condutor de caminhos que me leva até lá: “Cheguei ali muito jovem, uma manhã, muita gente a correr pelas ruas a caminho do mercado, as mulheres tinham belos dentes e olham-nos bem nos olhos, três soldados em cima de um palco tocavam cornetim, por toda a parte giravam rodas e ondulavam letreiros coloridos. Até então eu só tinha conhecido o deserto e as pistas das caravanas. Nessa manhã em Doroteia senti que não havia nenhum bem na vida a que eu não pudesse aspirar. Com o passar dos anos os meus olhos voltaram a contemplar as imensidões do deserto e as pistas das caravanas; mas agora sei que este é só um dos muitos caminhos que se abriam à minha frente nessa manhã em Doroteia”.


“Inutilmente, magnânimo Kublai, tentarei descrever-te a cidade de Zaira de altos bastiões. Poderia dizer-se de quantos degraus são as ruas em escadinhas, como são as aberturas dos arcos dos pórticos, de quantas lâminas de zinco são cobertos os telhados; mas já sei que seria o mesmo que não te dizer nada. Não é disto que é feita a cidade, mas sim de relações entre as medidas do seu espaço e os acontecimentos do seu passado: a distância a que está do solo um lampião e os pés a balançar de um usurpador enforcado; o fio estendido do lampião à varanda da frente e os arcos que enfeitam o percurso do cortejo nupcial da rainha; a altura daquela varanda e o salto do adúltero que a galgava de madrugada; a inclinação de uma goteira e o pulo de um gato que entra pela janela; a linha de tiro do navio bombardeiro que apareceu de repente por detrás do cabo e a bomba que destrói a goteira; os puxões das redes de pescadores e os três velhos que sentados no cais a remendar as redes contam uns aos outros pela centésima vez a história do navio bombardeiro do usurpador, de quem se diz que era filho ilegítimo da rainha, abandonado à nascença ali no cais.
É desta onda que reflui das recordações que a cidade se embebe como uma esponja e dilata. Uma descrição de Zaira tal como é hoje deveria conter todo o passado de Zaira. Mas a cidade não conta o seu passado, contém-no como as linhas da mão, escrito nas esquinas das ruas, nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas dos para-raios, nos postes das bandeiras, cada segmento marcado por sua vez de arranhões, riscos, cortes e entalhes.”



“O olhar percorre as ruas como páginas escritas: a cidade diz tudo o que devemos pensar, faz-nos repetir o seu discurso, e enquanto julgamos visitar Tamara limitamo-nos a registar os nomes com que ela se define a si mesma e todas as suas partes.
Como realmente é a cidade sob este denso invólucro de sinais, o que ela contém ou oculta, o homem sai de Tamara sem tê-lo sabido. Fora dela espraia-se a terra vazia até ao horizonte, abre-se o céu por onde correm as nuvens. Na forma que o acaso e o vento dão às nuvens o homem fica logo absorvido a reconhecer figuras: um veleiro, uma mão, um elefante…”


“Zora tem a propriedade de ficar na memória ponto por ponto, na sucessão das ruas, e das casas ao longo da rua, e das portas e das janelas das casas embora não apresentando nelas beleza ou raridades particulares. O seu segredo é o modo como a vista percorre figuras que se sucedem como numa partitura musical em que não se pode mudar ou deslocar nenhuma nota. O homem que sabe de cor como é Zora, nas noites em que não consegue dormir, imagina que anda pelas ruas e recorda a ordem em que se sucedem o relógio de cobre, o toldo às riscas do barbeiro, o repuxo dos nove esguichos, a torre de vidro do astrónomo, o quiosque do vendedor de melancias, a estátua do ermita e do leão, o banho turco, o café da esquina, a travessa que dá para o porto.”


“… as pessoas que passam pelas ruas não se conhecem. Ao verem-se imaginam mil coisas umas das outras, os encontros que poderiam verificar-se entre elas, as conversas, as surpresas, as carícias, as ferroadas. Mas ninguém dirige uma saudação a ninguém, os olhares cruzam-se por um segundo e depois afastam-se procurando novos olhares não param.
Passa uma rapariga eu faz rodar uma sombrinha apoiada no ombro, e abana também um pouco o redondo das ancas. Passa uma mulher vestida de preto com ar de velha, de olhos inquietos por baixo do véu e com os lábios a tremer. Passa um gigante tatuado; um homem novo de cabelos brancos; uma anã; duas gémeas vestidas de cor de coral. Algo corre entre eles, uma troca de olhares como linhas a ligarem uma figura à outra e desenhando setas, estrelas, triângulos, até que todas as combinações se esgotam num instante, e entram em cena outras personagens: um cego com um leopardo pela trela, uma cortesã com um leque de penas de avestruz, um efebo, uma mulher gordíssima. Assim entre os que por acaso se encontram juntos a abrigar-se da chuva debaixo de um pórtico, ou se apinham debaixo de toldos de um bazar, ou param para ouvir a banda no coreto da praça, consumam-se encontros, seduções, ligações, cópulas, orgias, sem que se troquem uma palavra, sem que se toquem com um dedo, quase sem se olharem.”


“Em Melânia, sempre que se entra na praça, fica-se no meio de um diálogo: o soldado fanfarrão e o parasita ao sair de uma porta deparam-se com o jovem perdulário e a meretriz; ou o pai avaro da solteira dá as últimas recomendações à filha apaixonada e é interrompido pelo servo palerma que vai levar um bilhete á alcoviteira. Volta-se a Melânia passados anos e reencontra-se o mesmo diálogo que continua: entretanto morreram o parasita, a alcoviteira, o pai avaro; mas o soldado fanfarrão, a filha apaixonada e o servo palerma tomaram os seus lugares, por sua vez substituídos pelo hipócrita, pela confidente e pelo astrólogo.
A população de Melânia renova-se: os dialogantes morrem um a um e entretanto nascem os que tomarão lugar por sua vez no diálogo, quer num papel ou noutro. Quando alguém muda de papel ou abandona a praça para sempre ou faz a sua estreia, produzem-se alterações em cadeia, enquanto não são distribuídos de novo todos os papéis; mas entretanto ao velho irado continua a replicar a criadita espirituosa, o usuário não desiste de perseguir o jovem deserdado, a ama de consolar a afilhada, embora nenhum deles conserve os olhos e a voz que tinha na cena anterior.
Acontece às vezes um único dialogante representar ao mesmo tempo dois ou mais papéis: tirano, benfeitor, mensageiro; ou que um papel seja desdobrado, multiplicado, atribuído a cem, a mil habitantes de Melânia: três mil para a hipócrita, trinta mil para o escroque, cem mil filhos de reis caídos em desgraça que aguardam o reconhecimento.
Com o passar do tempo até os papéis já não são exatamente os mesmos de antes; certamente a ação que eles desenvolvem através de intrigas e golpes de cena conduz a um qualquer desenlace final, de que continua a aproximar-se até mesmo quando a meada parece enredar-se ainda mais e aumentarem os obstáculos. Quem chegar à praça em momentos sucessivos ouve que de acto para acto o diálogo se altera, mesmo que as vidas dos habitantes de Melânia sejam demasiado curtas para se poder dar por isso.”



“Tal como todos os habitantes de Filias seguimos linhas em ziguezague de uma rua para outra, distinguimos zonas de sol e zonas de sombra, aqui uma porta, ali uma escada, um banco onde podemos pousar o cesto, uma cunha onde o pé tropeça se não dermos por ela. Todo o resto da cidade é invisível. Filias é um espaço em que se traçam percursos entre pontos suspensos no vácuo, o caminho mais curto para chegar à loja daquele mercador evitando o portal daquele credor. Os nossos passos percorrem o que não se encontra fora dos olhos mas sim dentro, se pultado e apagado: se entre dois pórticos um continuar a parecer-nos mais alegre é porque é aquele por onde passava há trinta anos uma rapariga de largas mangas bordadas, ou é só porque recebe a luz a uma certa hora como aquele pórtico, que já não nos lembramos de onde ficava.
Milhões de olhos erguem-se para as janelas pontes alcaparras e é como se percorressem uma página em branco. Muitas são as cidades como Filias que se subtraem aos olhares se não as apanharmos de surpresa.”



“Chamamos a ditar as normas para a fundação de Períncia os astrónomos decidiram o lugar e o dia de acordo com a posição das estrelas, traçaram as linhas cruzadas do decumano e do cardo orientadas uma pelo curso do sol e a outra pelo eixo em torno do qual giram os céus, dividiram o mapa segundo as doze casas do zodíaco de modo que cada templo e cada bairro recebesse a justa influência das devidas constelações, fixaram o ponto da muralha em que deviam abrir-se as portas prevendo-se que cada uma enquadrasse um eclipse da lua nos próximos mil anos. Períncia – garantiram – reflectiria a harmonia do firmamento; a razão da natureza e a graça dos deuses dariam formas aos destinos dos habitantes.
Seguindo com exactidão os cálculos dos astrónomos, foi edificada Períncia; gentes diversas vieram povoá-la; a primeira geração dos nascidos em Períncia começou a crescer entre os seus muros; e esses por sua vez chegaram à idade de casar e ter filhos.
Nas ruas e praças de Períncia hoje encontram-se aleijados, anões, corcundas, obesos, mulheres de barba… Mas o pior não se vê; elevam-se guturais das suas caves e celeiros, onde as famílias ocultam os filhos com três cabeças ou com seis pernas.
Os atrónomos de Períncia deparam-se com uma difícil opção: ou admitir que todos os seus cálculos estão errados e os seus números não conseguem descrever o céu, ou revelar que é precisamente a ordem dos deuses que se reflete na cidade dos monstros.”

Manifesto - Dez gritos de revolta!

1. Nós somos toupeiras clandestinas. Estamos em metamorfose. Somos infiltrados.
2. Percorremos o submundo, as entranhas, as profundezas da realidade. As camadas que se escondem por baixo das aparências.
3. Numa rebeldia persistente, iremos perceber aquilo que não quer ser entendido.
4. Queremos trazer para a luz do dia aquilo que não quer sair da escuridão: a verdade e o respeito têm de emergir.
5. Exterminar o preconceito que impede o progresso da sociedade. Exaltar os renegados: drogados, ladrões, homossexuais e prostitutas.
6. Queremos provocar a revolta social em nome da diferença e da desigualdade. Destruir as barreiras humanas que ainda perduram de um passado recente. Transformar o errado em certo e o certo em errado. Juntar os diferentes e os iguais.
7. Exaltamos o extermínio das aparências que nos iludem. Assumam o que são! Não vivam na mentira!
8. Rejeitamos o vulgar. Queremos variedade! Já nada nos diz nada. Já não sentimos nada. Já nada nos interessa. Estamos mergulhados na indiferença. Queremos ser surpreendidos!
9. Vamos descobrir aquilo que todos lutam por esconder. Queremos virar tudo do avesso para conhecer o oculto! Neste momento, estamos incompletos.
10. A sociedade é diferença/diversidade mas é difícil assumi-lo. Pois bem, mais vale assumir a verdade que o outro rejeita do que ser uma aparência.


Plano editorial do Livro sobre o nosso Bairro

O livro do bairro será constituído por 4 fascículos, em que cada um dos quatro primeiros corresponde à identificação de um grupo social existente no bairro: homossexuais, políticos, moradores e crianças.
Cada fascículo desdobrado corresponde a um A2, e dobrado a um A4. A suposta capa vai conter um apontamento discreto de um objeto, por exemplo o canto de um cartaz ou de um guardanapo, de modo a que quem consulta, possa automaticamente reconhecer o grupo a que o fascículo se refere.


Cada um consiste numa composição de várias camadas, feita a partir de objetos recolhidos no bairro que identificam os respetivos grupos. Logo, a parte de trás dos fascículos é aquela que se vê na capa e na contracapa e que é maioritariamente lisa e homogénea. Quando se abre, tem uma cobertura branca que esconde todas as camadas por baixo. Funciona então como uma metáfora para a situação do bairro de São Bento: aparenta ser muito simples e pacato, mas na verdade esconde todo um lado oculto que não gosta de admitir.
A área branca irá conter textos da nossa autoria e alguns excertos das Cidades Invisíveis de Italo Calvino. O texto será apresentado em posições variadas, de modo a tornar a leitura mais orgânica tal como a natureza do próprio fascículo. No meio de uma superfície branca, surgem pequenos rasgões que deixam o leitor espreitar para as camadas de objetos por baixo. Estas aberturas funcionam como uma provocação para conhecer o bairro a fundo. A própria pessoa pode esgravatar o buraco para ver mais o que está por baixo.
Cada grupo será identificado com objetos específicos: para os homossexuais cartazes de festas, para os políticos panfletos, recortes de jornais e cartazes também, para os moradores recibos, promoções do supermercado, pacotinhos de açúcar, rótulos de embalagens, guardanapos, etc, e para as crianças desenhos e fotografias.
As fotografias exibidas em baixo são exemplos da maquete de um fascículo.











PLANO EDITORIAL:



Respigar os Cartazes do nosso Bairro

Inspirámos-nos na Coleção de Cartazes de Ernesto de Sousa e no filme “Le Glaneures et la Glaneuse” para irmos para o nosso bairro recolher cartazes. Grande parte deles eram sobre as festas em bares gays, mas também encontrámos cartazes de cinema e outros eventos culturais.
Consideramos que este era um bom suporte para o nosso livro do bairro, visto que a partir do momento que é afixado da parede, o cartaz absorve todo o ambiente à sua volta. Portanto os cartazes, são um bom reflexo não só da vida do bairro, mas também das marcas deixadas pelo tempo e pela própria identidade.
 Foi uma proposta que criámos.






Jornal Nº1 (Abril de 2015)

 Foi nos proposto fazer o jornal do bairro como objeto DADA utilizando as estratégias mais adequadas do que queremos veicular, transmitir, manifestar, entre outros. Utilizamos a Primeira revista de Merz como o exemplo.( clicar nestes links)

- http://issuu.com/labibliothequefantastique/docs/merz-1

E não só, também os outros exemplos:

-http://issuu.com/avant-verlag/docs/kurt_schwitters_leseprobe
-http://issuu.com/benjaminhooper/docs/portfolio_small


ESBOÇO DIGITAL





RESULTADO FINAL








Texto sobre a identidade do nosso Bairro

Escrevi este texto para manifestar a minha opinião sobre este bairro.



A sua identidade está a perder-se aos poucos e pouco se vê a não ser alguns vestígios das suas características. Ao andar à volta do bairro, vemos, que este está a ser vítima das modernices. Sentimos que a sua identidade se centra na fonte, que permaneceu ao longo do tempo, situada na Praça das Flores que é uma praça especial, uma praça que tem resistido às mudanças modernas. A sua identidade mostra a tranquilidade discreta, porque não é muito apelativa e camufla se perfeitamente entre o Jardim do Príncipe Real e a Assembleia da República. O que vemos no bairro? Vemos um poço de desilusão com poucas melhorias. Quanto mais visitamos este bairro, mais desapontados saímos, pois à primeira vista, apaixonamos- nos por ele, através da sua praça e agora vemos que não há muita gente que se aperceba da sua essência.
Por outras palavras, a identidade do bairro passa despercebida, porque já ninguém a consegue demarcar e a sua notoriedade já não é tão percetível. Atualmente, não é tarefa fácil fazer sobressair a essência e o significado daquele Bairro. Ao olhar atentamente, percebemos que está a deixar de ser um Bairro típico, porque se foi expandindo e começou a entrar e a fazer parte do conceito de cidade em que por si só, não é muito significativo. Nada podemos fazer a não ser documentar a sua existência através de registos e documentar todos os seus vestígios ainda existentes na realização do filme conjuntamente com o jornal e o livro, entre outras coisas.
O Bairro de São Bento, para mim, é um dos bairros mais típicos e antigos de Lisboa e gostaria que os bairristas tivessem, mais vezes, a perceção do modo de vida da comunidade e a noção de que há muitos bairros que não têm a sua própria praça nem uma fonte com peixes. As pessoas de fora veem isso imediatamente, mas as pessoas que lá moram não se apercebem, muitas vezes, da beleza deste bairro. Acontece com muita frequência não termos consciência daquilo que nos rodeia, por vermos todos os dias as mesmas casas, as mesmas ruas, entre outros, nem damos muita atenção no dia a dia. Por exemplo, eu passo na linha azul até á baixa para ir para a faculdade e só agora e, muito recentemente, me apercebi da beleza da Baixa-Chiado. Se eu pudesse, reuniria todos os bairristas e fazia-lhes perguntas sobre o Bairro e, se pudesse melhorava a vida social de todos os habitantes da zona e aproveitava aquela zona para realizar festivais na Praça da Fonte, festas tradicionais que abordassem a identidade daquele Bairro, entre outros.


Patrícia Quitéria

sexta-feira, 1 de maio de 2015

ACT#09 - 25 de Abril! Coleção de Cartazes de Ernesto de Sousa, exposta no Museu Berardo, em Lisboa



Autor da Cartaz "Com a revolução, pela cultura"; Justino Alves e Moura-George; INCM; s/d.

Foi nos proposto realizar um gif animado para comemorar o 25 de Abril.

Patrícia Quitéria, nº8068

Refazi o Gif para o melhorar e para ficar mais qualidade e diferente.

Aqui está,